Dor no ombro é uma das queixas mais comuns na população, essa dor pode acometer homens e mulheres, jovens, atletas e idosos. Dentre as diversas patologias que podem acometer no ombro, hoje eu vim explicar umas das patologias mais autolimitantes: a capsulite adesiva. A capsulite adesiva é uma doença de característica inflamatória, que acomete mais mulheres entre 50 a 70 anos de idade, e portadoras de diabetes são 5 vezes mais propensas a desenvolver, assim como quem possui lesões prévias no ombro. As causas dessa inflamação são incertas, mas sabe–se que a cápsula que cobre toda a estrutura dos tendões e ligamentos do ombro, fica espessa devido a proliferação de marcadores inflamatórios, que criam como resultado final colágeno e, por isso, os pacientes relatam dor constante sem melhora ao repouso, acompanhada de perda do movimento devido a rigidez pelo depósito de colágeno. Como acontece essa inflamação é incerta, mas já se sabe que muitas vezes pode ser idiopática, ou seja, com causa de doença ainda desconhecida.
A capsulite adesiva se apresenta em 4 fases:
- Pré congelamento: início dos sintomas de dor, principalmente à noite. A amplitude do ombro permanece normal.
- Fase inflamatória: a dor é constante sem melhora com o repouso e o começo da perda de movimento.
- Congelamento do ombro: nessa fase a amplitude do ombro fica comprometida.
- Descongelamento: o processo inflamatório passou, a dor é só no final do movimento e o paciente começa a ganhar mobilidade.
O tratamento tem excelentes resultados com uma abordagem conservadora, com acompanhamento médico especialista em ombro e fisioterapêutico. Abaixo vou descrever as fases do tratamento de acordo com a fase da doença.
Fases do tratamento conservador para capsulite adesiva:
- Pré – congelamento: nessa fase o médico recomendará medicações para o controle da dor e, na fisioterapia, técnicas de eletroterapia para o controle da dor e manutenção da mobilidade do ombro sem dor.
- Fase inflamatória: nessa fase, o médico acompanha o tratamento, verifica se as medicações estão ajudando e quando dor intensa, inicia-se série de infiltrações no ombro. O tipo de medicação cada especialista determina, mas a literatura recomenda uso de corticosteróides. Na fisioterapia, continuamos com eletroterapia para modulação de dor, além de aplicações de gelo de 2 em 2 horas, durante 20 minutos, assim como exercícios de manutenção da força e amplitude sem dor.
- Congelamento: mantém a mesma conduta da fase 2, mas o fisioterapeuta já pode entrar com técnicas de terapia manual para ganho de mobilidade sem exacerbar dor intensa no paciente.
- Descongelamento: nessa fase, as medicações para o controle da dor não são mais necessárias e o médico especialista começa o desmame. Na fisioterapia, a eletroterapia e aplicações de gelo não são mais necessárias e intensifica o trabalho para restaurar a mobilidade e força do ombro até a tolerância do paciente.
É muito importante que o médico e o fisioterapeuta expliquem todas as fases do tratamento para capsulite adesiva de forma didática e com acolhimento. Além disso, as sessões de fisioterapia precisam ser individuais, pois cada paciente terá seu protocolo, de acordo com a fase da doença. Por isso, é muito importante procurar sessões que sejam particulares para que vocês tenham toda atenção e acolhimento que merecem durante a progressão da doença até a melhora. O tempo de tratamento para capsulite adesiva é incerto, podendo levar 2 meses até 2 anos, dependendo de quanto tempo o paciente vai levar para passar por todas as fases. Em alguns casos, quando não há sucesso no tratamento conservador para ganho de mobilidade, é recomendada a artroscopia.
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Referências:
- Lauren H. Redler, MD; Treatment of Adhesive Capsulitis of the Shoulder, J Am Acad Orthop Surg 2019;27: e544-e554. DOI: 10.5435/JAAOS-D-17-00606.
- Jason Ramirez, MD; Adhesive Capsulitis: Diagnosis and Management, American Family Physician Volume 99, Number 5 ◆ March 1, 2019.
- MARTIN J. KELLEY, DPT; Shoulder Pain and Mobility Deficits: Adhesive CapsulitisClinical Practice Guidelines Linked to the International Classification of Functioning, Disability, and Health From the Orthopaedic Section of theAmerican Physical Therapy Association . J Orthop Sports Phys Ther 2013;43(5):A1-A31. doi:10.2519/jospt.2013.0302