Há mais de 2000 anos o médico grego Hipócrates, o pai da medicina moderna, supostamente fez essa proclamação que toda doença começa no intestino, ou seja, Hipócrates já desconfiava da influência do intestino no funcionamento do nosso corpo.
O que mais tarde, em 1.800, foi confirmado pelo cirurgião médico Beaumont através de um paciente que ficou muito conhecido na época. O comerciante Alexis St Martin foi baleado acidentalmente à queima roupa deixando uma fístula no intestino, uma janela para os estudos do funcionamento do órgão. Beaumont viu uma oportunidade de estudar o funcionamento do intestino e tomou notas sobre “dor e mal-estar “em locais corpóreos distantes da ferida, ligando a digestão com doença e o emocional. O cirurgião também observou que quanto St Martin ficava com raiva ou irritado afetava muito a digestão, ou seja, há uma ligação entre cérebro e intestino, o que chamamos hoje de eixo-intestino-cérebro.
Um outro cientista, chamado Bernard, também identificou em seus estudos com animais que a digestão ocorre no intestino delgado e não no estômago, e que o intestino não só quebra moléculas complexas, como também é responsável por armazenar moléculas para futuras necessidades energéticas. Então, Bernard desenvolveu o conceito de milieu intérieur: “a estabilidade do ambiente interno é a condição para uma vida livre e independente”.
Outra descoberta das últimas décadas, foi um regulador chave do eixo- intestino-cérebro, os trilhões de micróbios dentro do intestino, chamado de microbiota intestinal. Cinco linhas de pesquisas separadas convergem para estabelecer essa informação, e em um desses estudos em animais verificou-se que o cérebro é afetado pela ausência de microbiota.
O que é microbiota?
A microbiota humana é o termo coletivo para os trilhões de microorganismos que vivem em nós. Os principais locais são a pele, vias áreas, trato urogenital, os olhos e o trato gastrointestinal, porém, a maioria desses habitantes residem no intestino. Esses microorganismos hoje são conhecidos como prebióticos e probióticos, conferindo um benefício à saúde, melhorando o metabolismo, a imunidade, a função endócrina e retardando o envelhecimento.
Já se sabe que o trato gastro intestinal exerce influência sobre a função do cérebro e vice-versa. O nosso sistema nervoso autônomo (cérebro), responsável por controlar as funções do nosso corpo e manter a homeostase, pode influenciar o funcionamento do trato gastrointestinal, alterando a motilidade intestinal, permeabilidade, manutenção do fluido epitelial, osmolaridade luminal, distorção mecânica da mucosa, produção de muco, resposta imune da mucosa e o manuseio do fluído intestinal.
Além disso, o nosso intestino é responsável pela produção de neuromoduladores, como o triptofano, GABA, catecolaminas e 95% da produção de serotonina do nosso corpo. O GABA (aminoácido glutamato) é o principal neurotransmissor inibitório do sistema nervoso, ou seja, ele influencia na inibição do estímulo de dor, seja de qual origem do corpo, na medula espinhal para o nosso cérebro. Em pacientes com fibromialgia esse neurotransmissor está diminuído o que contribui para sensibilidade ao estímulo de dor. Há evidências também que apoiam a ideia de que mudanças na composição da microbiota intestinal podem influenciar na função cognitiva em vários níveis. O medo exagerado, por exemplo, é um sintoma central da ansiedade e a resposta ao medo está intimamente ligada ao estresse que está fortemente entrelaçado ao eixo intestino e cérebro. Perfil de comportamento encontrado nos pacientes com dor crônica.
Há evidências que suportam a hipótese de que a microbiota desempenha um papel funcional no envelhecimento saudável. Alterações na microbiota intestinal contribuem para a inflamação e o declínio do sistema imunológico. A inflamação acelera o processo do envelhecimento contribuindo para o desenvolvimento de doenças como: alzheimer, distúrbios metabólicos. Doenças cardíacas, osteoporose e diabetes do tipo II.
O uso de prebióticos e probióticos regula a neuroimunidade na velhice e combate a neurodegeneração relacionada a idade e o declínio cognitivo, restaurando a função da microglia responsável por proteger os neurônios.
Distúrbios que uma microbiota-intestino-cérebro desregulada pode influenciar
- Distúrbios psiquiátricos
- Doenças neurodegenerativas, como alzheimer e parkinson
- Obesidade
- Adicção
- AVC
- Síndrome do intestino irritado.
- Ansiedade e estresse
- Dor
Um estilo de vida ruim influencia na microbiota intestino-cérebro e vice-versa.
- Dieta ocidental: alimentos ricos em gorduras e açúcar podem influenciar de forma negativa a microbiota intestinal
- Comportamento e cognição é impactado pela microbiota desregulada
- Estresse influencia na alteração da microbiota e vice-versa
- Medo: uma microbiota desregulada influencia na percepção do medo e vice-versa.
- Interação social: uma microbiota desregulada vai influenciar na interação social de forma negativa.
- Drogas como antibióticos podem influenciar de forma negativa na taxa de microbiota intestinal.
Estilo de vida que contribui para o aumento da microbiota intestino- cérebro:
- Dieta mediterrânea
- Genética e Epigenética
- Parto por via vaginal
- Ambiente
- Drogas como uso de serotonina
- Exercício físico
- Ritmo circadiano regulado.
Importante ressaltar que esse texto não serve como diagnóstico ou tratamento, mas para ilustrar como nosso estilo de vida influencia no aparecimento das doenças crônicas. E o nosso intestino pode ser um precursor para prevenção de muitas doenças e na longevidade.
Se você quer saber se sua microbiota intestinal está saudável ou não, deve-se primeiro procurar um médico ou nutricionista que vai identificar se seu intestino está saudável, se caso não estiver essas especialidades podem montar um plano alimentar específico e recomendar quais prebióticos e probióticos tomar.
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Referências:
John F. Cryan, et al: THE MICROBIOTA-GUT-BRAIN AXIS, Physiol Rev 99: 1877–2013, 2019
Published August 28, 2019; doi:10.1152/physrev.00018.2018